UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Faculdade de Educação - Departamento de Estudos Básicos
Disciplina: EDU01016 - Projetos de Aprendizagem em Ambientes Digitais - Turma B
Professor: Crediné Silva de Menezes
Alunos: Filipi Santos Correa e Rafaella da Silva Barros
UMA INDAGAÇÃO SOBRE GOSTO
MUSICAL
Sendo
fomentados a pensar em uma questão a ser refletida e, a partir dela,
desenvolver um projeto de aprendizagem conjunta em ambientes digitais, tivemos
nossos interesses voltados para o mesmo assunto, uma indagação a respeito do
gosto musical. Nosso ponto de partida para a reflexão desta temática
contituiu-se em nos perguntar se o gosto musical seria um fator de distinção
social. Nossa certeza provisória a respeito da questão era a de que o gosto
musical consistia em ser um fator, mas não o único, de aproximação e de
relação interpessoais, ou seja, algo de influência sobre as relações sociais.
Nesse sentido, nossa dúvida temporária com relação à questão era se esse mesmo
gosto musical, que aproxima pessoas por suas preferências, seria prédeterminado
por uma espécie de "determinismo social", isto é, se o gosto musical
consistiria em ser um fator de distinção de grupos sociais. A partir daí, nossa
questão passou a ser desenvolvida como projeto de aprendizagem, e nos
empenhamos em sair da reflexão pura, partindo para a busca de respostas em
diferentes meios.
Encontramos
na leitura de Nildo Viana, doutor em Sociologia pela UnB, uma das respostas à
nossa dúvida temporária. Diz ele em seu artigo O Capital Fonográfico e a
Formação do Gosto Musical:
"[...] o gosto dos indivíduos é formado
socialmente, mas como os indivíduos possuem uma singularidade psíquica, uma
história de vida única, então as chamadas idiossincrasias são elementos
diferenciadores na constituição do gosto. No caso do gosto musical, deixando de
lado as diferenças individuais, que existem, mas que não são coisas
metafísicas, são elas mesmas produtos sociais, é possível entender a sua
formação num nível mais geral, no caso dos grupos sociais. Pensar no gosto
musical da população é algo problemático, tendo em vista que não há
homogeneidade neste gosto. Neste sentido, é interessante perceber que o gosto
musical é composto por diversas camadas que expressam um grupo social ou
diversos grupos/classes sociais".
Nesta leitura, Nildo Viana faz uma
distinção entre o gosto musical e o gosto em si. Neste, ele reconhece as
diferenças individuais como elementos diferenciadores na sua constituição.
Naquele, considera já as diferenças individuais como produtos sociais, o que o
leva a entender o gosto musical como expressão de um grupo social. Sob este viés, nossa dúvida temporária em relação ao
gosto musical prédeterminado se encaminha para uma afirmação, que se estende
para a questão de nosso projeto. Ou seja, com esta leitura seria possível
afirmar que o gosto musical é um fator de distinção social.
Como
trata-se de um projeto de aprendizagem em ambientes digitais, criamos uma
enquete na rede social facebook para
termos acesso às respostas de diferentes pessoas sobre essa mesma questão.
Analisando as respostas, encontramos uma diferente perspectiva daquela
apresentada por Nildo Viana. Quarenta por cento dos participantes da enquete
responderam que não consideram o gosto musical um fator de distinção
social, ao que trinta por cento responderam ter dúvidas. Assim sendo, nossa
dúvida temporária resolve-se com o entendimento de um gosto musical não-prédeterminado.
Para utilizar os termos de Nildo Viana, entende-se aqui que as diferenças
individuais sobressaem o determinismo social também na constituição do gosto
musical.
Em
ambas as perspectivas foi possível confirmar nossa certeza provisória. Na
leitura de Nildo Viana ela se confirma ao considerar o gosto musical um fator
de influência nas relações sociais. O que acontece aqui é um enfoque nessa
característica, que culmina no pensamento do gosto musical como expressão das
diferentes classes sociais, deixando de lado as idiossincrasias. Já com base
nas respostas da enquete, nossa certeza se confirma ao considerar o gosto
musical como apenas um dos fatores dessa influência. Aqui se leva em conta as
diferenças individuais na formação do gosto musical.
Tendo
em vista as duas perspectivas, o gosto musical pode ser entendido não como um
fator de distinção social, mas talvez como um fator da distinção
social. Isto é, se partirmos da leitura feita por Nildo Viana entenderemos o
gosto musical como expressão de grupos sociais; preferências musicais distintas
são encontradas dentro desses grupos, mas não servem para determiná-los
ou para limitar que gosto musical seus indivíduos podem ter. Nesse sentido,
mesmo que preferências musicais distintas sejam encontradas dentro dos grupos,
as diferenças individuais prevalecem e são relevantes na constituição do gosto
musical, o que vai relaciona-se com as respostas dos internautas.
Desse
modo, é possível pensar nos contextos reais em que diferentes gostos musicais
são encontrados dentro de um mesmo grupo social, ou seja, contextos em que há a
aproximação com o diferente. Tal aproximação acontece de forma positiva e
contribui para o enriquecimento cultural dos indivíduos.